5 de setembro de 2012

relato pessoal da 20ª edição




por Rita Maria


Logo no começo da noite, travei uma conversa com as primeiras convidadas a chegarem na casa, Angela e Leda. Falamos de muitas coisas, falamos sobre arte, sobre bem estar, envelhecimento, modo de vida, projetos pessoais. O papo caminhou para o ambiente da casa, o acolhimento que elas sentiram ao chegar lá, e logo em seguida comecei a falar da história do projeto, como numa retrospectiva.



Falei que antes de tudo, éramos 4 amigos que curtiam se encontrar para comer, conversar, ouvir um som na vitrola. Que eu e o Zé estávamos desenvolvendo um repertório juntos, e que então resolvemos unir as coisas naquela casa. Não sabíamos ao certo para onde a maré nos levaria, mas navegamos.

Nos primeiros encontros, o som ao vivo ficava por nossa conta, o que foi de uma riqueza incrível, tanto na pesquisa do repertório, como na exploração livre das diversas possibilidades de harmonizar menu e música, como ainda mais na maneira de apresentar a cena na casa, e criar o ritual coletivo ao redor dos pratos e da música.

Foi quando a Leda me perguntou qual era a diferença entre um show no palco e cantar na casa... na nossa casa, eu recebo você, eu sirvo você, eu me disponibilizo a você, converso com você, me interesso pela sua história, faço com que você, convidado, seja tão parte da cena quanto eu. Antes de cantar, eu já criei um outro tipo de laço com você, e você comigo. Não existe divisão, somos parte de uma mesma cena. O palco é toda casa, e qualquer pessoa que entra nela participa da cena tanto quanto nós.

A magia se faz, se completa, quando não existe linha divisória entre artista e público - todos são artistas ali. Sentamos juntos, compartilhamos do mesmo espaço, da mesma luz, do mesmo potencial sonoro. Nosso movimento como anfitriões consiste em envolver as pessoas nessa cena, nesse espaço que criamos.

Momentos depois conversei com o Zé Otávio, que além de grande músico é uma pessoa de extrema sensibilidade. Ele também abre as portas de sua casa para artistas, nas noites de música ao vivo no Butina. Falamos sobre a experiência de sermos músicos anfitriões, dessa outra relação com a música, a do apreciador, do admirador. Somos tão envolvidos pelo som que nosso envolvimento contagia aos que estão estão em nossa volta. Foi isso o que presenciamos quando o duo começou a tocar. E que duo! Só quem estava lá sabe do que se trata a música do Lincoln e do Zé Otávio.

Esse relato é o meu agradecimento por participar dessa história. Não há nada mais gratificante. Abraços a todos e bem vindos!

Até o próximo evento

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